domingo, 11 de julho de 2010

Cepal: Mesmo com avanços, região não tem certeza se cumprirá ODMs

Apesar de América Latina e Caribe ter avançado rumo ao cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), ainda não é possível afirmar se a região alcançará todas as metas até 2015. Isso é o que apresenta o relatório coordenado pela Comissão Econômica para América Latina (Cepal): "O progresso da América Latina e do Caribe para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Desafios para conquistá-los com igualdade".
De acordo com o documento, entre os anos de 2002 e 2008, a região viveu um período de grandes avanços para o cumprimento dos ODMs. No entanto, a crise global não só interrompeu tais progressos como também gerou incerteza quanto à possibilidade de conquistar as oito metas estabelecidas pelos Objetivos.


"Durante o período de 2002-2008, conquistaram-se avanços importantes e, em certos casos, acelerou-se o ritmo de progresso para o cumprimento de algumas das metas. Do exame dos avanços conseguidos pela região a respeito dos distintos Objetivos, surge uma visão que mostra que, não obstante esses progressos, persistem dificuldades para conquistar o conjunto das metas acordadas na Declaração do Milênio", revela.

Em relação ao primeiro ODM, erradicar a pobreza extrema e a fome, o relatório informa que a região já conseguiu conquistar 85% do progresso regional. "Se se mantém este ritmo, América Latina cumpriria o objetivo para 2015", afirma, destacando que países como Brasil e Chile, por exemplo, já conquistaram essa meta.

Entretanto, tal avanço não foi registrado em todos os países latino-americanos e caribenhos. Segundo o informe, a crise econômica mundial de 2008 freou a tendência de diminuição da pobreza extrema observada na região nos anos anteriores.

Os países da América Latina e do Caribe também progrediram no segundo Objetivo (Conquistar o ensino primário universal). Conforme o documento, a maioria dos países possui taxas de matrícula em torno de 90%. No entanto, a educação secundária ainda precisa de mais atenção, ou seja, necessita avançar tanto na cobertura quanto na qualidade do ensino.

"Promover a igualdade de gênero e o empoderamento da mulher". Esse é o ODM 3, cujo avanço ainda segue em ritmo lento. Segundo o relatório, a igualdade de gênero e a cidadania paritária devem ser sustentadas em três pilares: autonomia econômica, autonomia física e participação na tomada de decisões.

Em relação aos Objetivos referentes à saúde (ODMs 4, 5 e 6), o informe destaca que mesmo com as melhorias nas condições de saúde da população, os avanços entre os países seguem sendo desiguais e heterogêneos.

Os progressos sobre a garantia da sustentabilidade ambiental (Objetivo 7) também são destaques no documento. De acordo com ele, a região diminuiu o consumo de substâncias que esgotam a camada de ozônio e aumentou a superfície de áreas protegidas, mas continua tendo as taxas mais altas taxas de desmatamento do mundo.

O oitavo Objetivo (fomentar uma aliança mundial para o desenvolvimento) também foi afetado pela crise internacional. Segundo o estudo, a região havia registrado avanços na inserção internacional entre 2005 e 2009, mas teve suas exportações diminuídas por conta da crise.

O documento, elaborado por Cepal e mais 17 organismos das Nações Unidas, ainda apresenta orientações de políticas para o cumprimento das metas dos oito ODMs. Entre as medidas sugeridas, estão: cooperação Sul-Sul, atenção às situações mais extremas de pobreza e fome, e incorporação dos princípios do desenvolvimento sustentável em programas nacionais.

Por. Hugo Drumond

Nenhum comentário:

Postar um comentário